As pessoas gostam de histórias de amor, aquelas com encontros, partidas e reencontros. Já vou logo adiantando que o que vou contar pode parecer romântico, mas eu penso que é só uma consequência e a prova de que coincidências, na minha opinião, não existe.
Há alguns anos atrás os chamados 'flash-mobs' estavam ganhando muita atenção e virando moda na minha cidade, não sei de onde veio a ideia ou por onde foi que tudo começou, mas ouvi sobre um que aconteceria em um shopping recém inaugurado e claro que eu me interessei, afinal de contas, era tudo "novidade" mesmo. Convidei amigos, eu estava super animado pra saber como era estar no meio de um flash-mob e não assistindo a um. Chegou o dia, o lugar de encontro estava marcado, e o verdadeiro motivo deste texto começa agora.
Tinha um número considerável de pessoas que iriam participar (eram poucos mas eu nunca tinha participado, ou seja, quando vi imaginei que fossem muitos), eu estava um pouco nervoso mas tinha muita gente que estava na sua "primeira vez" então eu me acalmei. Não era nada demais até o momento, mas uma coisa me chamou atenção...ou melhor, uma pessoa. Então, imagine como é estar nesta situação e encontrar alguém por quem você se interessa, mas não sabe se é recíproco. Exatamente, alguém parecia muito interessante naquele lugar, o observei o tempo todo e por ironia posso dizer que ele fez o mesmo, não da maneira que eu queria, ele estava filmando, ou fotografando não lembro ao certo e eu estava encantado demais para tentar perceber o que ele estava fazendo. E pra encurtar a história, o grupo e eu ficamos paralisados por um tempo nos corredores do shopping, e em seguida na sessão de frutas e legumes do supermercado, foi bem divertido.
Bom, obviamente eu fiquei com aquele rosto na mente por alguns dias e eu sabia que não o veria novamente. Um vídeo desse evento foi divulgado e quando fui ver, algo me deu uma chance de, quem sabe tentar, descobrir quem era o "garoto misterioso". Não tenho certeza se foi algo positivo, mas encontrei, descobri quem era o garoto, era o ... melhor eu não dizer para não comprometer ninguém aqui. A era da ascensão do facebook estava só começando, mas me lembro de tê-lo adicionado. A espera não durou muito, mas todo minuto que passava era desesperador. O pedido de amizade foi aceito, e eu precisava de alguma maneira conversar com o garoto, aproveitei o evento que participei, mas acabei encontrando outras coisas em comum. Infelizmente, conversei com algumas pessoas que o conheciam e a maioria delas tinham algo negativo pra dizer. Fiquei um tanto assustado com isso, mas não mudei de ideia, continuei, embora tivesse percebido que não era recíproco a intenção da conversa. Ah mas eu era (e ainda sou) bem chato, diga-se de passagem, falava demais e não falava nada com nada. Eu não rotulei, mas esse foi o "primeiro encontro", e no dia do seu aniversário foi a ultima conversa que tivemos... naquele ano.
Passou um tempo, quer dizer quase um ano, eu nem sequer lembrava dele, já o havia excluído do meu perfil (e só estou assumindo isso agora). Eis que um dia, eu que começara a fazer aulas de dança, acabei encontrando o rapaz na academia onde eu fazia minhas aulas, que incrível eu nem esperava nada disso. Mas tudo bem até então, era a primeira vez que eu o via pessoalmente depois de tanto tempo, quer dizer, eu só o havia visto uma vez e nunca tinha conversado com ele. Mas até que foi um reencontro simpático. Não fazíamos a mesma aula, mas estávamos no mesmo local, com o "mesmo objetivo". Esse tal 'destino' veio me cutucar pelo jeito. Não precisa ficar se perguntando, eu o desejava, claro, mas não dizia nada. Algumas semanas se passaram, e ele não ia mais nas aulas, para minha tristeza. Mas teve algo positivo nisso, retomamos contato e começamos a conversar novamente. O segundo encontro parecia um pouco mais emocionante que o primeiro, eu já não era mais um garotinho bobo ( se bem que eu acredito ainda ser), desta vez eu poderia dizer a ele que estava interessado, mas não foi bem assim que aconteceu. Eu vasculhando, ou "stalkeando", a vida dele, notei que ele estava aparentemente namorando. O desejo não havia acabado, mas eu não costumo levar adiante se sei que a pessoa é comprometida. De qualquer forma acabei o encontrando em uma festa, acabamos nos aproximando demais naquele dia, mas evitei que acontecesse algo por vários motivos: eu ainda acreditava que ele estava namorando, ele estava bêbado, meus amigos que estavam comigo o odeiam. Rolou um selinho, mas eu neguei que aquilo aconteceu, até pra mim mesmo. O segundo encontro acabou, e mesmo tendo conversado com ele algumas vezes não nos aproximamos mais, nem mesmo por conta disso.
O "fim da história", a parte mais importante e mais reveladora. Porém menos duradoura. Foi um dia atípico, eu não costumo falar besteiras para pessoas, não sou o primeiro a dizer pelo menos. Mas acordei por algum motivo, desculpe a expressão mas eu estava com "fogo no rabo" e resolvi dizer algo para alguém. Não fazia muito tempo que eu havia tido esta experiência com "o rapaz" e eu não disse antes, mas eu já tinha minha resposta: ele não estava namorando, contudo estava mesmo bêbado e não se lembrava daquele dia. Mandei um nome de uma música bem sugestiva sexualmente falando, e felizmente o feedback correspondeu às minhas expectativas. Começou o jogo da sedução, não podia mais fugir, tive que dizer a verdade. E adivinhem, ele não ignorou, me afrontou e consequentemente foi recíproco. Foi um tanto quanto impulsivo da minha parte, mas ele me convidou a ir até sua casa e eu nem questionei, disse que sim. Tudo conspirava para que eu não fosse, eu precisava acordar cedo no dia seguinte, meus amigos apareceram em casa pra me visitar, e eu não sei dirigir. Era tarde da noite, ele mora relativamente perto de casa, não vi necessidade em ir de ônibus ou algum outro meio (mentira, eu só não gosto de gastar dinheiro com isso), fui caminhando. Deixei meus amigos em casa, esperando, eles sabiam onde eu estava indo e o que eu pretendia fazer, só não sabiam com quem, e acreditem, eu não estava com paciência pra contar tudo o que você já leu até agora.
Não foi bem o que eu esperava, eu estava usando uma camisa na cor que ele odeia, não que isso influenciasse, mas veja bem a primeira frase que ele disse foi "Ah, você está de laranja!", eu não tinha entendido ainda, foi bem recente que descobri que ele tem aversão à cor laranja. Mas tudo bem, como eu disse, não influenciou. Mas preciso fazer uma pausa, esse é o momento em que você começa a imaginar a história em câmera lenta, pra ter mais efeito, sabe.
Este é o terceiro encontro da história, mas era o meu primeiro encontro oficial com o rapaz, e há dois anos atrás eu nem esperava que isso fosse possível. Enquanto subíamos a escada do condomínio eu passava de sensação de calor para frio, do medo para a euforia em segundos. Quase desci correndo e desisti, mas ele já estava com a chave na fechadura da porta. Eu estava tão nervoso, era a primeira vez que estava na casa de um "desconhecido" com as intenções que eu tinha. Era o momento decisivo, a porta do quarto, a "sala secreta", a verdade ou acordar do sonho. Não acordei, e antes que eu entre em detalhes sórdidos sobre o que aconteceu ali, vou tentar descrever apenas os sentimentos. Bom, eu estava eufórico por dentro, atordoado e sem saber o que fazer, não posso dizer que tive o meu "melhor desempenho", se é que me entendem, mas veja bem, eu não sou de ter muitos encontros, aliás, era o meu primeiro em muito tempo. Mas tudo correu bem, adorei ter passado aquele tempinho com ele, foi a noite mais interessante do meu ano (e digo isso até hoje), fui surpreendido em todo sentido da palavra. A conversa foi ótima também, revelei alguns segredos, não descobri nenhum, pelo menos não algum que eu possa mencionar. Eu precisava ir embora, meus amigos me esperavam em casa, eu precisava acordar cedo, ou seja, o adeus foi inevitável.
Este é o momento em que todos esperam uma reviravolta e a vida fica mais bela, coisas boas acontecem e vivemos felizes para sempre. Não vou dizer que este é um final infeliz, mas depois do primeiro encontro, não houve nenhum outro. Eu penso que as energias ainda não encontraram um ponto de conexão, não estamos na mesma sintonia, mas eu imagino que hora ou outra a gente vai se esbarrar em um bar, numa esquina qualquer ou na fila de algum banco, enfim, não estou dizendo que estamos destinados a ficar juntos, eu nem sequer espero isso, mas a vida gostou de brincar conosco e não acho que ela tenha cansado ainda.